Bastonário da Ordem dos Médicos defende uso do Avastin em oftalmologia
O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu que só os interesses comerciais das farmacêuticas justificam que o medicamento Avastin continue sem aprovação do Infarmed para uso oftalmológico.
“Não tem aprovação, porque o laboratório não quer submeter o Avastin a essa aprovação, por uma questão de interesse comercial, prefere vender o medicamento mais caro do que vender o mais barato”, declarou à Agência Lusa José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos.
Na base da alegada guerra farmacêutica, explicou o bastonário, estão dois medicamentos do mesmo laboratório: o Lucentis, aprovado em Portugal pelo Infarmed para o tratamento da Degenerescência Macular relacionada com a Idade, e o Avastin, aprovado para uso oncológico, e sem autorização do regulador para uso oftalmológico, mas recorrentemente utilizado pelos médicos para tratamentos aos olhos.
No entanto, explicou o bastonário, apesar da falta da autorização do regulador, a prescrição do Avastin para tratamentos oftalmológicos suporta-se num parecer da Ordem dos Médicos emitido no ano passado, com base em avaliações positivas do Consultivo da Política do Medicamento e do Colégio de Oftalmologia, que, por sua vez, se basearam num estudo científico norte-americano financiado por uma entidade pública, “e não pelo laboratório, que não estava interessado no estudo”.
“Não há justificação para não ser utilizado o Avastin em vez do Lucentis. As duas moléculas mostraram efeitos semelhantes para essas indicações ao fim de dois anos num estudo científico”, referiu o bastonário. Segundo adianta, isso “seria mais que suficiente para o Avastin ter uma aprovação pelas entidades reguladoras para a utilização em oftalmologia”, mas “o laboratório detentor das duas moléculas não está interessado em obter essa aprovação, porque o Lucentis é muitíssimo mais caro que o Avastin”, explicou José Manuel Silva.
22 Maio 2012
Atualidade