Portugal está na vanguarda da investigação à cirurgia da catarata

Imagem da notícia: Portugal está na vanguarda da investigação à cirurgia da catarata

Uma equipa multidisciplinar de investigadores do Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) e Instituto de Telecomunicações da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu um protótipo de um dispositivo médico para apoio à cirurgia da catarata, uma das cirurgias mais realizadas no mundo.

Segundo o site da Universidade de Coimbra, o dispositivo, que se encontra em fase de protótipo e já com registo provisório de patente, foi desenvolvido no âmbito de um projeto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Tem por objetivo apoiar o diagnóstico da catarata, através da sua deteção precoce e caracterização, indicando a sua localização e extensão no cristalino. Permite também classificar o seu grau de severidade e estimar a sua dureza de modo automático.

Esta nova tecnologia baseada em ultrassons de alta frequência, usando sondas oftalmológicas, é capaz de “avaliar a progressão da doença, cuja informação é essencial para a decisão clínica”, explica o coordenador do projeto, Jaime dos Santos.

O dispositivo médico a desenvolver, com base neste protótipo, pretende ser uma ferramenta de diagnóstico simples, robusta e de baixo custo, que terá grande impacto nos serviços de saúde, nomeadamente “na gestão clínica dos doentes com catarata. Os clínicos passarão a ter acesso a dados objetivos que contribuirão para um diagnóstico e uma decisão da necessidade de cirurgia mais suportados”, afirma Miguel Caixinha, investigador da equipa.

Outra vantagem do dispositivo criado pela equipa da FCTUC é o facto de recorrer a técnicas não invasivas para estimar a dureza da catarata. Assim, “em tempo real é possível identificar o tipo de catarata, caracterizar o seu grau de severidade, e estimar a sua dureza e dimensão”, explicam os investigadores.

A tecnologia permite ainda minimizar o risco de complicações no pós-operatório porque, apesar de segura, a cirurgia da catarata tem de ser muito precisa. É necessário «substituir o cristalino por uma nova lente intraocular sem danificar a sua cápsula posterior e a córnea, nem causar lesões na retina. Fazendo uma analogia, é como ter de implodir um prédio sem danificar o museu de arte que está à sua volta», ilustra Miguel Caixinha. É nesta perspetiva que o conhecimento da dureza da catarata a ser extraída representará uma informação valiosa na seleção adequada da energia a usar na cirurgia de facoemulsificação.

Das experiências realizadas in vitro em cristalinos de suíno e in vivo em olhos de rato (modelos animais) com diferentes tipos de cataratas, verificou-se uma taxa de sucesso de 99.7% na caraterização automática da catarata e estimação da sua dureza.

A equipa está agora na fase da realização de ensaios clínicos e procura de parcerias para futura comercialização do dispositivo. Os investigadores estão bastante otimistas: “se no olho de um ratinho conseguimos contornar os vários obstáculos que surgiram relacionados com a dimensão extremamente pequena do olho, ao passar para os ensaios clínicos o processo será muito mais simples porque a dimensão do olho humano é muito maior”.

 

8 Junho 2016
Atualidade

`

Notícias relacionadas

Dia Mundial do Oftalmologista

A data visa homenagear os profissionais da saúde ocular e reforçar a importância dos cuidados preventivos com a visão. Em Portugal, profissionais e entidades oficiais relembram um apelo à população: “não adie a visita ao oftalmologista”.

Ler mais 7 Maio 2025
Atualidade

Joaquim Murta recebe distinção

O coordenador da Unidade de Oftalmologia de Coimbra (UOC), foi agraciado com a Medalha de Serviços Distintos do Ministério da Saúde – Grau Ouro.

Ler mais 9 Abril 2025
Atualidade

Santen lança medicamento Catiolanze® emulsão em Portugal

Este lançamento é precedido pela autorização de comercialização concedida pela Comissão Europeia em novembro de 2023, após a recomendação positiva de aprovação pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e pelo Comité de Medicamentos para Uso Humano (CHMP) em setembro de 2023.

Ler mais 7 Abril 2025
Atualidade