“A optometria acabou, os optometristas é que ainda não sabem”
Convidado a intervir na sessão de abertura do XX Congresso Nacional de Ortoptistas, que decorreu em março em Lisboa, o presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), Fernando Falcão Reis, reconheceu que nem sempre o papel dos ortoptistas foi devidamente valorizado pelas instituições da tutela.
“O trabalho do ortoptista foi sempre muito reconhecido pelo oftalmologista, como não podia deixar de ser. A verdade é que ambos partilham um espaço comum, realizam tarefas em conjunto, falam a mesma linguagem, dominam as mesmas tecnologias, lidam com doentes com uma especificidade própria, celebram sucessos e insucessos terapêuticos, são profissionais de saúde umbilicalmente unidos, cujas atividades se complementam numa harmonia que têm o dever de preservar”. Porém, para o líder da SPO, urge denunciar a intenção dos optometristas de passar de técnicos de ótica ocular para profissionais de saúde, “que nunca poderão ser por défices de formação e de vocação”.
Com um discurso crítico e assertivo, Falcão Reis não poupou nas palavras. “Não há lugar para optometristas em todas as óticas do país, daí a pressão para serem reconhecidos como profissionais de saúde. A ignorância científica e a total impreparação para lidar com doentes desaconselham a legalização da atividade, quer a inclusão no SNS. A tutela não tem de resolver este problema, a lei da oferta e procura acabará por determinar o destino dos cursos de optometria, o encerramento por falta de alunos”. Na sua opinião, não se trata de falta de oftalmologistas, dado que Portugal cumpre os rácios internacionais no que diz respeito a médicos e ortoptistas. “A optometria acabou, os optometristas é que ainda não sabem”, declarou Falcão Reis no final da sua intervenção.
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2 Julho 2019
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