Covid-19: quais as precauções a ter na clínica oftalmológica?

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O Colégio da Especialidade de Oftalmologia – Ordem dos Médicos e a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) criaram um conjunto de recomendações no âmbito da situação de risco epidemiológico de infeção por Covid-19.

A infeção por coronavírus (Covid-19) transformou-se muito rapidamente numa ameaça global. Os sintomas da doença incluem febre, tosse, cansaço, dores musculares e falta de ar; pode também haver diarreia. A conjuntivite pode ser a primeira manifestação da doença, como aconteceu na China onde Li Wenliang, oftalmologista no Hospital Central de Wuhan Central, foi infetado por transmissão a partir de um doente assintomático portador de glaucoma, tendo morrido um mês depois. Alguns relatos sugerem que na ausência de proteção ocular o vírus pode ser transmitido por contacto na forma de aerossol, através da conjuntiva, provocando doença. As complicações da doença incluem pneumonia grave , arritmia e choque; a taxa de mortalidade estimada é de 3,4%, mas até ao momento cerca de 40% dos doentes afectados não tem a sua clínica resolvida.

A história recente da doença tem mostrado a sua fácil e rápida disseminação; a partir de um foco em Wuhan, a sua disseminação deu-se de forma muito rápida, estando hoje presente em todos os continentes. Na europa o número de pessoas infetadas teve um crescimento vertiginoso em poucas semanas. Em Itália, depois do encerramento de escolas e outros serviços, as autoridades viram-se agora obrigadas a limitar a circulação de pessoas, na tentativa de circunscrever a disseminação da doença. Tal tinha acontecido na China com aparentes bons resultados, como demonstra a evolução epidemiológica actual. O caso mais paradigmático de medidas eficazes na circunscrição da doença aconteceu em Macau, onde as autoridades decretaram limitações ao movimento das pessoas e o encerramento generalizado de serviços ao aparecimento dos primeiros casos; o resultado foi o sucesso que se conhece: nenhum novo caso desde há várias semanas! Uma decisão que envolveu certamente grande coragem política e cujos aparentes prejuízos económicos imediatos tiveram e vão ter grande retorno não apenas económico, mas sobretudo social.

A proximidade física e espacial entre o oftalmologista e a pessoa observada coloca ambos, doente e médico, em especial risco de contacto. Por outro lado, o exame oftalmológico envolve múltiplas observações que incluem acuidade visual, avaliação do equilíbrio oculo-motor, observação do segmento anterior, medição da tensão ocular e observação do fundo ocular. O exame à lâmpada de fenda e a realização de oftalmoscopia direta implicam uma proximidade física e um posicionamento, que envolve um risco particular de contágio. A frequente necessidade de dilatação pupilar e da realização de outros exames complementares, implicam frequentemente uma estadia demorada nos serviços e nas clínicas de oftalmologia, aumentando o risco de contágio cruzado entre doentes e os profissionais de saúde visual.

Por essa razão, a Academia Americana de Oftalmologia lançou um alerta para a necessidade do uso de máscaras e proteção ocular, sobretudo na presença de doentes com sintomas respiratórios ou perante a história de viagem a locais de risco aumentado. Para além disso, sabendo que o período de incubação do vírus se situa entre os dois e os 14 dias (embora ao que parece possa ser mais longo), e sabendo da possibilidade, mesmo que incomum, da conjuntivite ser a primeira manifestação, os oftalmologistas devem estar atentos na observação de casos aparentemente vulgares.

Tendo em conta o alto risco de contágio na clínica oftalmológica e tendo em conta a baixa taxa de doentes com necessidade urgente de cuidados, pareceu importante ao Colégio da Especialidade de Oftalmologia e à SPO adotarem medidas urgentes tendentes a diminuir o risco de propagação da infeção. Por essa razão, usando o conhecimento adquirido e as recomendações dos grupos de trabalho que já passaram pelo atual cenário epidemiológico, são recomendadas as medidas expostas neste link.

27 Março 2020
Oftalmologia

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