Joaquim Murta coordena projeto nacional CAT.PT
A catarata é uma patologia inevitável com a idade que afeta de forma muito negativa a qualidade de vidas das pessoas; a sua cirurgia é a mais realizada em todo o mundo e é das que mais impacto tem numa perspetiva custo-benefício. Será possível aliar uma estratégia de racionalização de custos com a promoção da qualidade dos cuidados prestados, incluindo sempre a perspetiva do doente?
Foi para dar resposta a essa questão que surgiu o CAT.PT, um projeto nacional coordenado pelo médico oftalmologista Joaquim Murta, do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, e no qual colaboram 12 instituições de saúde. Utilizando a plataforma da Promptly, estes hospitais monitorizam os resultados de saúde dos doentes e fazem benchmarking dos resultados, procurando melhorar os cuidados de saúde prestados.
A análise incorporou mais de 11 mil doentes. Os pacientes preencheram questionários antes e após a cirurgia, para avaliar o grau de incapacidade na vida diária relacionados com a visão, pela voz do próprio paciente. Dos 11 mil, 89% reportaram uma melhoria significativa nas tarefas da vida quotidiana após a cirurgia. Em 85% dos casos, os doentes tinham uma acuidade visual antes da cirurgia inferior ao mínimo ideal para poderem conduzir (5/10). Após a cirurgia, 94% registaram uma capacidade igual ou superior a este patamar e 78% atingiram uma acuidade visual “normal” (10/10).
Nas palavras de Joaquim Murta, diretor do Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, “os sistemas de saúde baseados no volume estão desajustados e o futuro exige uma mudança de estratégia e atitude. Um modelo orientado para os resultados será aquele que, não só melhora a qualidade da saúde dos cidadãos, como também o tende a fazer com um menor investimento, assegurando a eficiência. O objetivo das instituições deve ser direcionado na avaliação e diferenciação dos ‘resultados’, com informação contínua aos clínicos e população em geral, permitindo aos doentes fazerem escolhas informadas”.
Participaram neste projeto o Centro Hospitalar de São João, o Centro Hospitalar do Porto, o Hospital de Braga, o Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra, o Centro Hospitalar de Lisboa Norte, o Instituto Gama Pinto, cinco unidades do Grupo CUF, a Unidade de Oftalmologia de Coimbra – UOC, junto com cinco empresas: Novartis, Alcon, Bayer, Edol e a portuguesa tecnológica Promptly.
2 Março 2021
Oftalmologia