Estudo associa o conforto subjetivo e a qualidade da visão na utilização de LC hidrófilas tóricas
Uma investigação, pioneira no seu género, associou o conforto subjetivo e a qualidade da visão subjetiva na utilização de lentes de contacto (LC) hidrófilas tóricas. A aplicação dos resultados por parte dos profissionais da visão tem o potencial de reduzir as desistências dos pacientes nesta categoria de lentes de contacto.
Um estudo de investigação prospetivo, cruzado, aleatório, com ocultação do tema, analisou utilizadores regulares de lentes de contacto hidrófilas que utilizaram sequencialmente três tipos de lentes tóricas descartáveis diárias ao longo de três semanas. Foram registadas as pontuações relativas a biomicroscopia, adaptação, acuidade visual, qualidade de visão subjetiva e conforto subjetivo da superfície ocular nas consultas de atendimento e seguimento. Embora as diferenças na acuidade visual não fossem estatisticamente significativas, foram observadas pontuações de conforto maiores com pontuações de qualidade de visão subjetiva mais elevadas. Isto sugere que os sintomas de desconforto ocular podem ser mais intensos se também for constatado compromisso visual nas lentes hidrófilas tóricas descartáveis diárias.
“Alguns profissionais da visão optam por colocar lentes de contacto esféricas para valores menores, mas significativos, de astigmatismo, acreditando que há pouca diferença para o utilizador”, afirmou Gary Orsborn, OD, vice-presidente de Assuntos Clínicos, Médicos e Profissionais Globais da CooperVision e coautor do documento. “As observações contidas nesta análise ajudam a confirmar uma razão convincente para a colocação de lentes de contacto hidrófilas tóricas em todos os pacientes com 0,75 DC ou mais de astigmatismo. O desconforto é uma das principais causas de desistência, pelo que uma maior utilização de desenhos tóricos em astigmáticos pode aumentar a retenção, a satisfação do doente e o sucesso da prática clínica”.
Os autores observam que, apesar de outros avanços neste domínio, o desconforto com as lentes de contacto continua a ser um problema importante por resolver, com taxas de abandono que variam entre os 12% e os 51%. Reconhecendo que foram desenvolvidos esforços significativos para compreender os efeitos ao nível do conforto relativamente às características físicas da lente e da superfície ocular, procuraram considerar outras possibilidades para o comportamento do paciente.
“Os resultados são claros e simples de implementar. Depois de prestarem muita atenção aos parâmetros de adaptação da lente tórica, os profissionais da visão devem avaliar de forma rotineira e proativa o nível de satisfação visual dos utilizadores, procurando ao mesmo tempo informar-se quanto à questão do conforto dos mesmos. Estas medidas subjetivas são mais suscetíveis de indicar sucesso na adaptação e de prever a continuação da utilização em comparação com apenas a acuidade visual”, disse Carole MaldonadoCodina, primeira autora do artigo, investigadora principal do estudo e diretora associada da Eurolens Research na Universidade de Manchester.
O estudo intitulado “The Association of Comfort and Vision in Soft Toric Contact Lens Wear” (A Associação entre Conforto e Visão na Utilização de Lentes de Contacto Hidrófilas Tóricas) foi aceite para publicação nas próximas semanas pela Contact Lens and Anterior Eye, a publicação com revisão por pares da BCLA – Associação Britânica de Lentes de Contacto.
O estudo foi financiado pela CooperVision e pode ser consultado aqui.
16 Abril 2021
AtualidadeLentes e Equipamentos