BlueWorks: Acesso informatizado a todos os exames complementares em oftalmologia
A oftalmologia é das especialidades médicas para a qual existe um maior número de meios complementares de diagnóstico.
Apesar de tradicionalmente estes poderem ser divididos entre os que realizam avaliações estruturais (retinografias, OCT, etc.), e avaliações funcionais (perimetria computorizada, electroretinografia, etc. ), estes dois aspetos estão intimamente relacionados no que respeita à visão.
Uma consequência da imensa variabilidade de parâmetros que podem ser avaliados de forma objetiva, é a igualmente extensa variabilidade nos tipos de equipamentos complementares de diagnóstico e nas combinações de fabricante – marca – modelo.
Esta variabilidade tem como inevitável consequência a dificuldade na integração da informação num sistema único. Não é invulgar a realidade das unidades de saúde ser, no que respeita a aceder aos exames complementares, uma combinação das seguintes opções:
1. Os exames são impressos e são vistos em papel;
2. O médico analisa os resultados de cada equipamento, no software específico daquele equipamento, tendo por isso que ter um conjunto de softwares diversos abertos em simultâneo;
3. O médico desloca-se ao equipamento de diagnóstico para consultar os dados aí existentes.
Cada uma destas opções tem diversas desvantagens associadas, sobejamente conhecidas e experienciadas por todos, que vão desde a limitação nos dados disponíveis para o médico tomar a decisão (p.ex quando para um OCT com mais de 100 b-scans, são impressas 1-2 folhas A4), até às dificuldades de utilização de software (ter 3-4 programas abertos em simultâneo e ter de pesquisar o doente em cada um destes).
Em resumo, constata-se que em muitos casos, o equipamento de diagnóstico é o ponto central da prática clínica e é o médico quem tem de se adaptar caso pretenda recorrer à informação que este produz.
É urgente a mudança deste paradigma e com o advento das normas de interoperabilidade como o DICOM e HL7, estão a ser dados passos na direção certa, faltando, no entanto, ainda bastante progresso a ser feito até que a tecnologia atinja um ponto que permita aos oftalmologistas, através de um único software, interagir com todas as funcionalidades de visualização e análise que existem associados aos diversos equipamentos de diagnóstico, independentemente destes serem do fabricante A ou B ou C.
Um caso prático
O Hospital Santa Maria Maior E.P.E, em Barcelos, iniciou no final do ano de 2019, um processo de informatização dos exames complementares de diagnóstico existentes no serviço de oftalmologia.
Neste serviço, liderado pela doutora Natacha Moreno, eram sentidas as dificuldades referidas acima: nem todos os exames estavam facilmente disponíveis em todos os computadores, incluindo os computadores do bloco operatório; uma parte dos exames era consultada em papel, especialmente no que dizia respeito a informação de rastreio de refração e tonometria; outros para os quais existia software para visualização remota, registavam limitações relacionadas com a necessidade de manter algumas máquinas permanentemente ligadas e restrições no número de computadores onde poderiam ser instalados.
Este serviço está equipado com uma secção de rastreio onde são realizados exames de refração e queratometria, tonometria de sopro e frontofocometro, recorrendo a equipamentos da Kowa e Nidek, exames de refração pediátrica através do equipamento Adaptica 2Win, topografia de córnea CSO, tomografia de coerência óptica (OCT), retinografia, angiografia topcon, biometria e ecografia A-Scan e B-Scan, respetivamente da Nidek e Accutome.
O desafio que o serviço encontrava era ter uma solução tecnológica que permitisse que todos estes conteúdos fossem acessíveis através de uma única aplicação, permitindo ao médico ter mais do que apenas um relatório do PDF e efetivamente poder navegar nas imagens que compõem o volume de aquisição, com a solução disponível em todos os computadores do serviço, e funcionando de forma a que não tenha um impacto negativo no que é a forma de trabalhar da equipa de técnicos de diagnóstico (não obrigar, por exemplo, a exportar resultados um a um da máquina e a renomear os ficheiros de forma manual para poderem ser indexados).
Em adição a este elevado automatismo, porque a aplicação não deveria funcionar de forma isolada dos demais sistemas de informação hospitalar, este deveria obedecer a um conjunto de requisitos de interoperabilidade e de segurança, nos quais o sistema a adquirir deveria comunicar com a solução de software SONHO.
As soluções disponibilizadas pela Blueworks foram consideradas as mais adequadas para este propósito e, no decorrer do ano de 2020, foi realizada a instalação e configuração do sistema OphthalSuite.
O OphthalSuite tem uma componente de servidor, instalado num computador que está localizado no hospital e componentes de cliente, instalados nos diversos computadores do serviço, que permitem o encaminhamento dos dados de cada um dos equipamentos referidos anteriormente para um repositório único e seguro no caso da utilização por parte dos técnicos de ortóptica e a pesquisa e visualização dos resultados no caso dos médicos.
No processo de aquisição de dados foi necessário suportar comunicação via rede normal, SFTP e RS232. Os formatos de dados a manter e visualizar variaram entre documentos PDF estáticos, documentos XML, imagens com e sem compressão (jpeg, png), entre outros. Aquando do envio dos dados para o servidor, a informação de identificação do doente tal como registada no equipamento de diagnóstico é comparada com a informação existente no SONHO e validada para impedir que ocorram registos de doentes duplicados ou com dados incorretos.
Para a seção de rastreio, ao realizar medições no frontofocómetro, os técnicos de ortóptica passam a ter disponível a opção, para através de um clique de rato, catalogar digitalmente os óculos medidos em função de aspetos relevantes (por exemplo, dizerem respeito à prescrição mais recente, ou serem os óculos que o doente prefere utilizar, monofocais ou bifocais, etc). Como nem todas as medições realizadas no rastreio são bem-sucedidas na primeira tentativa por dependerem da colaboração do doente, o OphthalSuite permite aos técnicos terem uma “base de dados” das medições feitas nas máquinas e ver as mesmas na forma de uma lista, marcada a verde para aquelas que já foram efetivamente enviadas para a ficha do doente.
O trabalho realizado acima permitiu ao serviço de oftalmologia do hospital Santa Maria Maior de Barcelos atingir os seus objetivos e resolver um problema para o qual pretendiam, há algum tempo, encontrar uma solução adequada.
A doutora Natacha Moreno, diretora deste serviço, destaca dois aspetos do processo: relativamente ao produto OphthalSuite, a facilidade de acesso e rapidez e o facto de não haver limitações ou custos acrescidos.
Sobre a Blueworks, salientou a disponibilidade da equipa durante todo o projeto, com disponibilidade imediata sempre que foi necessário, o que contribuiu para o sucesso do projeto.
22 Junho 2021
Opinião