“Uma área em desenvolvimento é a aplicação da IA ao glaucoma”

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Teresa Gomes, atual coordenadora do Grupo Português de Glaucoma (GPG), da SPO revela em entrevista os caminhos relativos à oftalmologia e ao glaucoma, desde a investigação, as iniciativas ou os conselhos para clínicos e pacientes. 

Porquê a dedicação à oftalmologia e ao glaucoma? 

A minha ligação à oftalmologia deve-se única e exclusivamente à capacidade de persuasão do saudoso Prof. Luís Metzner Serra. Ele conseguiu convencer uma recém-licenciada em Medicina, cheia de determinação, a pôr em prática tudo o que tinha aprendido em seis anos de licenciatura e dois de internato geral, que num órgão do tamanho do olho havia imensa coisa para aprender e para tratar. E, quando entrei para a especialidade de oftalmologia, no Hospital de Santa Maria, em 1992, fiquei na equipa de glaucoma chefiada pelo Prof. Serra. Tive oportunidade de avaliar desde cedo o impacto devastador do glaucoma na vida dos doentes. O caráter irreversível dos danos era a informação mais difícil de dar por parte do médico e de aceitar por parte do doente. Os anos de internato coincidiram com o aparecimento de novos fármacos, novas técnicas cirúrgicas e novos meios complementares de diagnóstico, que foram melhorando progressivamente o prognóstico visual dos doentes. Esta evolução foi sem dúvida determinante na minha escolha.   

Para onde caminha a investigação em oftalmologia, nomeadamente ao nível do glaucoma? 

Ainda persistem muitas questões por resolver em relação ao diagnóstico e tratamento desta doença, desde a falta de um conhecimento pleno dos diferentes tipos de glaucoma e dos mecanismos fisiopatológicos que lhes estão subjacentes, passando pela identificação de novos biomarcadores que nos permitam reconhecer os doentes em risco de doença mais agressiva, até ao desenvolvimento de novas terapêuticas que visem outros fatores de risco que não a hipertensão ocular. Uma área em franco desenvolvimento é a aplicação da Inteligência Artificial (IA) ao glaucoma, designadamente no âmbito da triagem das populações. Por fim, importa resolver vários problemas que enfrentamos com as técnicas cirúrgicas atualmente disponíveis, nomeadamente a falência da sua eficácia hipotensora. A meu ver, a investigação continuará a ser desenvolvida em todos estas vertentes, potenciando um melhor diagnóstico e tratamento dos doentes. 

Considera possível poder surgir uma cura para este “ladrão silencioso da visão”? 

Uma cura para o glaucoma terá de passar necessariamente por uma recuperação do tecido neuronal perdido ou por estratégias de rastreio e tratamento extraordinariamente eficazes que possibilitem uma intervenção precoce, antes do dano ocorrer. Considero que qualquer destas opções é concretizável, desde que haja tempo e vontade para viabilizar a chegada a estes resultados por parte de quem investe nestas áreas do conhecimento. 

Entrevista completa através de subscrição da OftalPro 60.

20 Abril 2023
Entrevistas

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