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Artigo da autoria de Ricardo Baptista, ortoptista.

Estima-se que a doença de olho seco (DOS) tenha uma prevalência global de 5% – 50%, contudo estes valores são difíceis de serem calculados pela falta de uma definição globalmente aceite, bem como critérios de diagnóstico e classificação uniformizados, levando a um subdiagnóstico clínico e interesse terapêutico. 

A TFOS (tear film & ocular surface society) surgiu na tentativa de colmatar esta lacuna, sendo uma sociedade líder na educação e estudo da DOS. Em 2007, lançou o primeiro relatório (DEWS – dry eye workshop) onde consta a primeira definição de DOS globalmente aceite. 

Em 2017, o DEWS II veio atualizar esta mesma definição bem como outros aspetos relacionados com esta patologia. Estes novos conceitos ainda hoje se mantêm à luz do conhecimento científico atual. 

Assim sendo, define-se DOS como “uma doença multifatorial da superfície ocular, caracterizada pela perda de homeostasia do filme lacrimal e acompanhada por sintomatologia ocular, onde a instabilidade do filme lacrimal, hiperosmolaridade, inflamação e alterações neurossensoriais, desempenham um papel etiológico. 

A identificação e classificação clínica do subtipo de DOS permanece importante, nomeadamente para a tomada de decisão terapêutica primária. No entanto, estes fazem parte de um largo espectro da doença ao invés de adotarem caminhos fisiopatológicos distintos. 

Com base na revisão de literatura por pares (peer-review), DEWS II refere o mecanismo fisiopatológico da DOS como sendo a hiperosmolaridade lacrimal (≥308 mOsm/l ou diferença entre olhos ≥8 mOsm/l) induzida pela evaporação, que é a característica principal da doença. Esta danifica a superfície ocular tanto diretamente, como através de processos inflamatórios, criando assim o chamado “ciclo vicioso” da DOS. 

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1 Abril 2024
Opinião

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