Tratamentos combinados: podemos aumentar a eficácia do tratamento?

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A gestão da miopia é uma prática em desenvolvimento, sendo que continuamente surgem novos dados, protocolos e procedimentos que nos ajudam a melhorar as nossas intervenções. Estamos a anos-luz do que sabíamos há décadas e, daqui a algumas décadas, estaremos a anos-luz do que sabemos hoje. 

Mas sabemos que existem pacientes que não respondem às terapêuticas isoladamente de forma esperada, de acordo com o objetivo desse mesmo tratamento. 

E quais dos nossos pacientes correm maior risco de não responderem como esperado? 

Os que são mais jovens, os que tiveram uma progressão mais rápida desde o aparecimento do erro refrativo, os que já apresentavam alta miopia no início do tratamento ou os que têm ambos os pais míopes1. 

O que podemos fazer por estes pacientes que apresentam uma baixa resposta aos tratamentos óticos ou farmacológicos? 

Se o paciente for tratado com colírio de atropina diluída, o oftalmologista, com base nos dados e na história do paciente, irá rever a dose e avaliará se está a utilizar a concentração adequada de atropina. Se o paciente já estiver a utilizar o colírio nas concentrações mais altas ou se os efeitos colaterais não forem toleráveis, deverá ser considerada outra intervenção. Da mesma forma, se o paciente for tratado com métodos óticos e o resultado obtido não for o esperado, uma vez revistas todas as variáveis, incluindo o cumprimento do tratamento e o perfil de risco do paciente, se tudo estiver correto, será necessário avaliar outro tipo de intervenção.  

Qual é a próxima intervenção a ser posta em cima da mesa? 

Os tratamentos combinados 

Uma vez que o tratamento com um único método não funcionou como esperado, devemos considerar a busca de sinergia entre as diferentes soluções. 

Já existem evidências sobre a combinação de métodos óticos e farmacológicos2 para ajudar a abrandar a progressão da miopia nos pacientes com baixa resposta à monoterapia. 

Desde 2020, existem vários ensaios clínicos aleatorizados que mostram que combinar o tratamento com lentes de ortoqueratologia com atropina diluída a 0,01% é mais eficaz do que a monoterapia (apenas atropina 0,01% ou apenas OrtoK) tanto no primeiro ano, como no segundo3,4,5,6. 

Referências 

1.- https://www.myopiaprofile.com/non-responders-to-myopia-control-treatments/ 

2.- https://reviewofmm.com/recent-updates-on-combination-treatments-for-myopia-control/ 

3.- Tan Q, Ng AL, Choy BN, Cheng GP, Woo VC, Cho P. One-year results of 0.01% atropine with orthokeratology (AOK) study: a randomised clinical trial. Ophthalmic Physiol Opt. 2020;40(5):557-66. Epub 2020/08/11. 

4.- Kinoshita N, Konno Y, Hamada N, Kanda Y, Shimmura-Tomita M, Kaburaki T, Kakehashi A. Efficacy of combined orthokeratology and 0.01% atropine solution for slowing axial elongation in children with myopia: a 2-year randomised trial. Sci Rep. 2020 Jul 29;10(1):12750. doi: 10.1038/s41598-020-69710-8. PMID: 32728111; PMCID: PMC7391648. 

5.- Yang N, Bai J, Liu L. Low concentration atropine combined with orthokeratology in the treatment of axial elongation in children with myopia: A meta-analysis. Eur J Ophthalmol. 2022;32(1):221-8. Epub 2021/03/09. 

6.- Gao C, Wan S, Zhang Y, Han J. The Efficacy of Atropine Combined with Orthokeratology in Slowing Axial Elongation of Myopia Children: A Meta-Analysis. Eye Contact Lens. 2021 Feb 1;47(2):98-103. doi: 10.1097/ICL.0000000000000746. PMID: 33060414. 

Artigo completo na OftalPro 65.

22 Julho 2024
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