Comunicar oftalmologia: sim ou não?
A chegada de alguns artigos de opinião à nossa redação, escritos por médicos oftalmologistas e com informações destinadas aos pacientes, foi o ponto de partida para auscultarmos alguns profissionais da área sobre o papel das agências de comunicação na divulgação da atividade clínica.
A competitividade no setor da saúde tem levado muitos consultórios oftalmológicos a investir em estratégias de marketing e comunicação para ampliar a sua visibilidade e diferenciar-se no mercado. Neste contexto, o apoio de uma agência de comunicação especializada pode ser determinante para fortalecer a presença da clínica, atrair novos pacientes e consolidar uma reputação credível e ética. Atualmente, não basta apenas oferecer um atendimento de qualidade: é essencial que as pessoas saibam que o seu consultório existe e entendam o valor dos serviços que disponibiliza. É precisamente aqui que entra o papel das agências de comunicação.
Para Cátia Azenha, médica oftalmologista, “o recurso a agências de comunicação pode constituir uma ferramenta valiosa e estratégica para reforçar a visibilidade da instituição e dos serviços oftalmológicos. Quando enquadrada em princípios éticos e científicos, a comunicação profissional contribui para uma maior literacia em saúde, permitindo que a população tenha acesso a informação clara, rigorosa e acessível sobre prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças oftalmológicas. E a comunidade médica é o grupo por excelência para assegurar que a informação mantenha a credibilidade e autoridade necessárias”. A também Coordenadora da Comunicação Digital da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) assume que “faz parte da missão da SPO promover e contribuir para o desenvolvimento da oftalmologia, nos domínios comunitário, preventivo, assistencial, científico, pedagógico e de investigação. Nesse sentido, o âmbito de atuação da SPO dirige-se não apenas aos seus associados e comunidade científica, mas também à população em geral, pelo que dispor de uma estratégia de comunicação sólida e adaptada a estas diferentes vertentes é essencial para cumprir esta missão”.
José Salgado-Borges, médico oftalmologista, concorda e assume que “as agências de comunicação desempenham um papel cada vez mais relevante na forma como a oftalmologia se apresenta ao público. Para além de aumentarem a visibilidade, permitem diferenciar os serviços disponíveis, seja no Serviço Nacional de Saúde (SNS), nos grupos privados, nas Misericórdias ou em clínicas particulares/consultórios. No meu percurso, embora não tenha contratado diretamente uma agência, a colaboração próxima com a OftalPro ao longo da última década permitiu divulgar entrevistas, artigos de opinião e projetos inovadores desenvolvidos na nossa clínica. Estas iniciativas foram fundamentais para dar reconhecimento ao nosso trabalho, não só junto do público em geral, mas também dentro da própria comunidade oftalmológica”.
De igual modo, a médica oftalmologista Maria João Quadrado acredita que “as agências de comunicação e marketing podem ser um recurso muito valioso para a divulgação de consultórios de oftalmologia. Trabalhar com uma agência especializada em marketing para a saúde, que já conhece as particularidades e as limitações do setor, garante a conformidade com as diretrizes da Ordem dos Médicos e do Colégio de Oftalmologia, prevenindo problemas éticos ou legais”. Miguel Sousa Neves, médico oftalmologista, afirma mesmo que “há regras muito específicas na legislação atual sobre o tema em causa e a Entidade Reguladora da Saúde está muito ciente da mesma. Nesse sentido, as agências podem ser úteis, mas não considero neste momento uma grande mais-valia, pelos condicionamentos da lei em vigor”.
Leia o artigo completo na OftalPro 69.
17 Novembro 2025
Oftalmologia