Olhos digitais: a nova janela para o mundo
Nos dias de hoje, é indiscutível que a tecnologia domina grande parte das nossas vidas. Cada vez mais as pessoas usam computadores, tablets ou smartphones e, consequentemente, estão mais expostas aos esforços da visão. Em 2021, os portugueses passaram cerca de 10 horas por dia online – que, por si só, é um dado alarmante, pois significa que as pessoas estiveram mais tempo online do que a dormir.
Os principais problemas associados ao uso excessivo de ecrãs incluem fadiga ocular, visão desfocada, necessidade de usar óculos graduados, olhos secos, dores de cabeça e, também, o agravamento da miopia.
Um estudo recente da Universidade Drexel, em Filadélfia, concluiu que qualquer quantidade de tempo passado à frente de um ecrã por crianças a partir de um ano de idade, está associada a um risco duas vezes maior de ocorrência de comportamentos sensoriais incomuns, que podem levar a perturbações do processamento sensorial – um distúrbio neurológico que afeta a forma como o cérebro processa as informações recebidas pelos sentidos.
Para além disso, a exposição à luz azul dos ecrãs é prejudicial no que diz respeito ao normal funcionamento do ritmo corporal, especialmente ao sono. Esta luz inibe a produção de melatonina – a hormona que regula o sono – impedindo o corpo de receber o sinal de que é hora de dormir, resultando em noites mal dormidas.
Embora o uso de computadores não provoque lesões irreversíveis, pode causar lesões pontuais que, apesar de incómodas, podem ser compensadas com medidas preventivas. É necessário um tempo prolongado de exposição – superior a 2 horas – para que haja repercussões oculares significativas. Se algumas regras simples forem cumpridas, podemos atenuar as queixas e usar o computador com uma melhor performance, sem risco de baixa de visão ou lesões permanentes. Por isso, é importante que os pais tenham um papel crucial, regulando o uso de equipamentos eletrónicos e incentivando a realização de pausas regulares.
Para mitigar os efeitos negativos do uso excessivo de ecrãs, os especialistas recomendam regular o ar condicionado e fazer pausas de hora a hora. Fazer pausas não obriga a sair do sítio, basta olhar para longe. Estas práticas ajudam a compensar as horas excessivas passadas em frente ao computador que, apesar de não causarem lesões permanentes, podem prevenir alterações e queixas oculares significativas.
Imagem: COANTAS
9 Julho 2024
Opinião