Prémio António Champalimaud de Visão atribuído a quatro investigadores

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Margaret Livingstone, Nancy Kanwisher, Doris Tsao (Estados Unidos da América) e Winrich Freiwald (Alemanha) foram premiados pelas suas contribuições inovadoras para a compreensão dos mecanismos neurais subjacentes ao reconhecimento facial. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, presidiu à cerimónia de entrega do prémio.

De acordo com a Fundação Champalimaud, o trabalho coletivo desenvolvido por estes investigadores “permitiu avanços significativos no campo da neurociência visual, demonstrando como o cérebro processa e reconhece rostos, um aspeto fundamental da interação social e da cognição humana”. As investigações desenvolvidas pelos neurocientistas juntaram neurociência molecular, celular e de sistemas, ligando a atividade de neurónios e regiões cerebrais específicas ao complexo comportamento do reconhecimento facial.

Margaret Livingstone, neurocientista da Universidade de Harvard, foi distinguida pelo seu trabalho que revelou como as áreas iniciais do cérebro processam as imagens que vemos, organizando-se em partes especializadas na cor, forma, movimento e profundidade. Já, Nancy Kanwisher, Doris Tsao e Winrich Freiwald foram premiados pela descoberta de um sistema de áreas cerebrais essenciais para o reconhecimento de rostos. A investigação “permitiu compreender como o cérebro processa as características faciais desde o reconhecimento inicial até à identificação da pessoa. A mesma investigação permitiu identificar populações neurais específicas responsáveis por codificar várias características faciais, decifrando-se a estrutura que o cérebro usa para reconhecer rostos individuais.  

“O trabalho coletivo destes neurocientistas gerou um profundo avanço no campo da neurociência visual, elucidando a forma como o cérebro processa e reconhece os rostos, como vê as cores, as formas e o movimento, dando novas abordagens para compreensão de perturbações da visão. Estas descobertas não revelam apenas os segredos do cérebro. Abrem portas para novas formas de entender como vemos o mundo e como o mundo nos vê a nós. Uma vitória da ciência que promete reescrever o destino da visão humana, abrindo caminho para o conhecimento e tratamento de problemas visuais com grande impacto na aprendizagem, como a dislexia e a incapacidade de reconhecimento facial. Ao mesmo tempo, permitem uma melhor compreensão da plasticidade do cérebro e o desenvolvimento de estímulos para combater o declínio cognitivo, como as demências”, escreve a Fundação no seu site. 

O Prémio António Champalimaud de Visão é atribuído anualmente, alternando entre o reconhecimento de avanços científicos na área da visão, em anos pares, e a distinção de organizações que combatem a cegueira e problemas visuais, em anos ímpares. O júri do prémio é presidido pelo oftalmologista e epidemiologista Alfred Sommer. Criado pela Fundação Champalimaud, este prémio tem o nome do empresário português António Champalimaud, que deixou em testamento a criação da fundação.

Imagem: Rui Ochoa/Presidência da República

19 Setembro 2024
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