Doenças neurodegenerativas em destaque no EUNOS 2019

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As doenças neurodegenerativas vão estar em destaque no EUNOS 2019, o maior congresso europeu de neuro-oftalmologia, que este ano vai decorrer no Porto, entre os dias 16 e 19 de junho, e contará com a presença de alguns dos maiores especialistas mundiais desta área.

Joana Ferreira, oftalmologista do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central e professora de oftalmologia da NOVA Medical School, uma das moderadoras de uma sessão sobre o tema, confirma que “estas doenças são um dos mais importantes problemas médicos e socioeconómicos da atualidade, não sendo ainda conhecidas as causas do seu aparecimento”. 

“As doenças neurodegenerativas são condições muito debilitantes, ainda sem cura, que afetam pessoas de todas as idades e resultam da degeneração progressiva e/ou morte de neurónios – as células responsáveis pelas funções do sistema nervoso. Esta degradação pode afetar o movimento do corpo (ataxias) e o funcionamento do cérebro, originando demência”, explica. 

Ao nível da oftalmologia, há também doenças neurodegenerativas, sendo uma delas a neuropatia ótica hereditária de Leber (LHON), que “é uma doença mitocondrial neurodegenerativa que afeta o nervo ótico, muitas vezes caracterizada por perda de visão súbita nos portadores adultos jovens, cujo diagnóstico atempado e a terapêutica precoce possivelmente melhora o prognóstico de alguns casos”. Trata-se de uma doença rara, hereditária, incapacitante e que provoca uma perda de visão rápida e, na maior parte dos casos, permanente em jovens ou adultos, afetando gravemente a sua qualidade de vida. 

A intervenção médica nas doenças neurodegenerativas é, segundo a especialista, “geralmente tardia e é preciso apostar no diagnóstico precoce, de forma a travar a evolução rápida, que põe em causa o bem-estar e a qualidade de vida dos doentes, cuidadores e famílias”.

É nesse sentido que tem evoluído a ciência e a medicina. “Nos últimos anos, os avanços do conhecimento científico nas áreas da Genética e das Neurociências têm modificado, de forma progressiva, o uso de ferramentas moleculares que permitem a identificação pré e pós-sintomática de doenças neurodegenerativas, criando esperança para novas possibilidades terapêuticas”, refere Joana Ferreira. 

“Encontrar tratamentos para impedir ou reverter a progressão das doenças neurodegenerativas é um dos objetivos principais da investigação sobre o cérebro”, acrescenta, assim como “identificar genes ‘protetores’ ou fatores de estilo de vida benéficos”, capazes de nos dar “indicações muito importantes sobre a prevenção e eventual cura para algumas destas doenças”. 

De acordo com a especialista, “a rápida evolução das ferramentas moleculares tem possibilitado não apenas diagnosticar com precisão um número cada vez maior de doenças genéticas, como também detetar indivíduos assintomáticos”. 

E ainda que muitos dos exames moleculares disponíveis para a deteção de doenças neurodegenerativas ainda estejam numa fase inicial, “torna-se necessária a realização prévia de muitos estudos populacionais para assegurar a verdadeira contribuição dos genes que sofrem mutações para o desenvolvimento da doença”.

O tema vai estar em destaque na 14ª reunião da Sociedade Europeia de Neuroftalmologia (EUNOS), organizada este ano em conjunto com o Grupo Português de Neuroftalmologia, e “abrange todas as áreas da neuroftalmologia e os temas mais atuais, desde a ciência básica à prática clínica”. Um encontro que, afirma Joana Ferreira, se reveste de “extrema importância, uma vez que o avanço da ciência e especificamente das neurociências resulta da partilha e comunicação entre os diferentes cientistas. Os palestrantes têm oportunidade de apresentar os seus diferentes trabalhos, podendo assim discuti-los entre os pares e melhorá-los não só no seu centro, mas também em futuros estudos multicêntricos, cada vez mais multidisciplinares. Desta forma, incentiva-se o enriquecimento do saber académico, reunindo profissionais, especialistas, internos e estudantes de medicina e outros grupos de profissionais e investigadores com interesses em comum. Eventos como este são sem dúvida uma forma ímpar de trocar informações e ampliar a cultura científica e formação”.

A sessão sobre doenças neurodegenerativas vai realizar-se no dia 18 e contará com a intervenção de João Paulo Cunha, diretor e neuroftalmologista do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central e professor de Oftalmologia da NOVA Medical School, Francesca Cordeiro, diretora do Glaucoma and Retinal Neurodegeneration Research Group do Institute of Ophthalmology, University College Londone ainda Gordon Plant, neuroftalmologista do National Hospital for Neurology and Neurosurgery and Moorfield’s Eye Hospital. 

28 Maio 2019
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