“A terapêutica tem de ser individualizada”

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Paulo Guerra, coordenador do Gabinete de Córnea, Superfície Ocular e Transplantação, do Serviço de Oftalmologia do Hospital de Santa Maria, falou com a OftalPro sobre a doença do olho seco, o tratamento e os mais recentes avanços nesta área.

Falando especificamente sobre o olho seco, que tratamentos estão atualmente disponíveis? Existem tratamentos mais eficazes do que outros?   

Tipicamente e numa fase inicial, a doença do olho seco (DOS) é tratada com substitutos da lágrima, seja na forma de colírio, géis ou pomadas. A maioria destes lubrificantes são à base de água e contêm polímeros viscosos, como por exemplo: hialuronato de sódio, metilcelulose ou polividona. Estes permitem a substituição da camada muco-aquosa da lágrima. A utilização de um lubrificante, sem conservantes, à base de hialuronato de sódio e de uma forma intensiva (cerca de seis vezes ao dia) é muito comum e eficaz para formas ligeiras de olho seco. O olho seco evaporativo, a forma mais frequente de olho seco, está geralmente associado a uma disfunção das Glândulas de Meibomio (DGM) localizadas na margem palpebral (que secretam gordura) e, consequentemente, a uma alteração da camada lipídica da lágrima. A substituição desta camada mais externa, de gordura, deverá ser realizada com colírios que possuam componentes lipídicos dirigidos.  

Em relação às blefarites e à DGM, sendo doenças crónicas, é necessário enfatizar junto do doente o potencial controlo sintomático, mas não a cura. A medida mais importante no tratamento das blefarites, de uma forma geral, é a higiene palpebral a qual passa pelo aquecimento (Ex: Posiforlid® máscara oftálmica), massagem e limpeza da margem palpebral com compressas adequadas para o efeito, sem conservantes (ex: Posiforlid® toalhitas).  

Para casos de maior gravidade, é frequente o recurso a terapêutica anti-inflamatória com ciclos curtos de corticosteróides tópicos ou tratamento prolongado com ciclosporina tópica ou outros imunossupressores. É também comum a utilização de produtos derivados e purificados do sangue (soro autólogo ou PRGF), os derivados das tetraciclinas orais e tópicos, a oclusão dos pontos lacrimais e mesmo o recurso a lentes de contacto esclerais. Este tipo de tratamentos está reservado ao médico oftalmologista, pelas indicações específicas e riscos eventuais.  

Existe alguma evidência científica que favorece a suplementação da dieta com ácidos gordos ómega-3, no entanto esta é uma questão ainda em aberto.  De uma forma geral, todos estes tratamentos são eficazes no olho seco, no entanto a terapêutica tem de ser individualizada a cada doente de acordo com o tipo de olho seco, a sua gravidade e patologias associadas. 

Que produtos existem para esta patologia? Quais são as grandes vantagens da sua utilização?  

Como referi há pouco, no tratamento do olho seco a utilização de lubrificantes oculares sem conservantes ou fosfatos são a base da terapêutica do olho seco, independentemente do seu subtipo, uma vez que funcionam como substitutos da uma lágrima deficiente ou disfuncional. Estes lubrificantes muitas vezes contêm outras moléculas na sua constituição, destinadas a promover um efeito anti-inflamatório, proteção celular osmótica ou cicatrizante da superfície ocular, otimizando ainda mais o seu efeito coletivo.   

Dentro desta gama de produtos temos por exemplo: o Hylo Comod®, Hylo Care® ou o Hylo Dual Intense®. Estes são colírios que na sua constituição possuem hialuronato de sódio de alto peso molecular, o que aumenta o tempo de permanência na superfície ocular, a retenção de moléculas de água e a estabilidade do filme lacrimal, características que o diferenciam da grande maioria de outros substitutos da lágrima e os tornam mais eficazes na hidratação e lubrificação da superfície do olho. É também comum o recurso a um gel noturno com maior tempo de permanência na superfície ocular e com capacidade regenerativa, como por exemplo o VitA-Pos® ou o Hylo Night®, que contêm vitamina A na sua constituição. 

No olho seco evaporativo, o fornecimento de componentes lipídicos, com o objetivo de melhorar a camada de gordura da lágrima normal e assim reduzir a sua evaporação, é da responsabilidade do Evotears® Omega que assim permite uma terapêutica dirigida a este tipo de olho seco que é o mais frequente.  

Leia a entrevista completa na OftalPro 67.

21 Março 2025
Entrevistas

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