Cláudia Bacalhau em entrevista

Em tempos de pandemia, em que as máscaras se tornaram presença obrigatória na vida de todos, para além da necessidade constante de todos lavarmos as mãos com frequência, a médica oftalmologista Cláudia Bacalhau alerta para o aumento de casos de acidentes com álcool-gel e desinfetantes por contacto com os olhos. A solução passa pela prevenção, até porque apesar da maioria dos casos terem resolução simples e não deixarem sequelas, “existe risco de queimadura da córnea que pode ser irreversível”.
Profissionalmente, como tem vivido esta pandemia, ao nível da oftalmologia?
Inicialmente, nos primeiros tempo da pandemia, a minha atividade clínica ficou reduzida a apoio a doentes de caráter urgente. A atividade programada de consultas, exames e cirurgias ficou adiada, como em todas as unidades. Depois fui retomando progressivamente a atividade clínica regular, embora ainda com adaptações ao habitual. Neste momento, a atividade encontra-se quase normalizada, mantendo apenas um maior espaçamento horário no agendamento de doentes. Isto permite-me dar tempo para a higienização do gabinete e previne a sobrelotação das salas de espera.
Tem sido um permanente desafio, ou apenas uma experiência negativa?
Não usaria o termo negativo, é uma experiência na adversidade, mas que tem permitido rever alguns circuitos que já seriam importantes pré-pandemia. Por isso sim, tem sido um desafio, ajustarmo-nos de forma adequada a esta nova realidade. Em todo o caso, ficou claro que não era possível mantermo-nos apenas em atividades de caráter urgente além dos dois meses em que o fizemos. Eu, tal como os meus colegas, tive de voltar porque não podíamos adiar mais a assistência oftalmológica aos nossos doentes.
Cláudia Bacalhau nasceu a 30 de dezembro de 1985, em Lisboa. Ingressou no Mestrado Integrado em Medicina na Faculdade de Medicina de Lisboa em 2003 e no Internato Complementar de Oftalmologia em 2011, no Centro Hospitalar de Setúbal, onde ainda colabora. Foi assistente convidada na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e na Escola Superior de Tecnologias de Saúde do Instituto Politécnico de Lisboa. Atualmente, trabalha no Hospital da Luz Setúbal e na Clínica ALM Oftalmolaser, estando mais dedicada à oftalmologia pediátrica.
Entrevista na íntegra na OftalPro 50, edição do terceiro trimestre de 2020.
16 Outubro 2020
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