Revolução sonogenética pode restaurar a visão graças ao som

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Uma equipa de investigação internacional, que envolve o laboratório Physics for Medicine (ESPCI Paris/PSL Université/Inserm/CNRS), o Instituto de Visão em Paris (Sorbonne Université/Inserm/CNRS) e o Instituto de Oftalmologia Molecular e Clínica de Basileia, descobriu que é possível as pessoas cegas voltarem a ver, graças à ativação direta dos neurónios na parte do cérebro responsável pela visão. A investigação é liderada por Mickaël Tanter e Serge Picaud. 

Em todo o mundo, em 2020, 3,6 milhões de pessoas terão perdido a visão devido ao glaucoma e 0,86 milhões devido à retinopatia associada à diabetes. Uma vez que estas patologias afetam o nervo ótico, as soluções terapêuticas que visam os fotorrecetores, ou as outras camadas da retina, não podem ser aplicadas para restaurar a visão destes doentes. Era por isso importante procurar mais a jusante no sistema de integração da informação visual, diretamente no cérebro, no córtex visual. Este foi o objetivo do projeto SoundVision, atualmente em fase de financiamento, que se baseia em resultados revolucionários obtidos em ratos e cuja publicação foi aceite no início de abril de 2023. 

O início da investigação 

Com os seus colegas do Institut de la Vision, Serge Picaud trabalha há muitos anos em estratégias terapêuticas para o restabelecimento da visão baseadas em próteses retinianas ou em abordagens optogenéticas, que tornam sensíveis à luz outras células para além dos fotorrecetores. Foi na sequência deste trabalho que, em 2016, ele e José-Alain Sahel foram abordados por um funcionário da DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency) – uma agência americana de investigação para projetos de investigação avançada no domínio da defesa. A agência estava interessada em restaurar a visão de soldados que a tinham perdido em combate, muitas vezes em resultado de danos irreversíveis na retina. “Ficou muito interessado e convencido de que poderíamos desenvolver uma estratégia para atingir o córtex visual, algo que o professor Sahel e eu nunca tínhamos feito”, recorda Serge Picaud. No final de 2016, foi-lhes concedido um financiamento substancial para explorar esta via. Embora inicialmente os investigadores tenham pensado numa terapia semelhante à que tinham desenvolvido para a retina, depressa se aperceberam de que não seria fácil transpô-la para o córtex. Isto porque a luz utilizada na abordagem optogenética penetra muito mal no tecido cerebral.

Saiba mais na OftalPro 63.

3 Janeiro 2024
Estudos e Investigação

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